Agarra-me apenas com um dedo da tua mão direita e olha-me somente com o coração. Desvenda os meus traços e os meus segredos. Aprende do que sou feita e o que ainda me há-de tornar maior, renovada, tão igual ao mundo, tão diferente dos do mundo.
Não me deixes cair, apenas ampara-me quando souberes que vou escolher o que me vai magoar e derrotar. Estende-me a mão e não tenhas pressa, posso demorar a perceber que chegou a hora de baixar os braços e deixar que aquela luta, a luta errada, siga pelo caminho que devia ter seguido de inicio.
O nunca é tarde de mais e longe de mais, por isso ensina-me a nunca o saber pronunciar, ajuda-me, antes, a saber dizer sempre. Contigo, preferencialmente, de mãos entrelaçadas às minhas.
Acolhe as minhas mãos dentro das tuas e aquece-me com todo o calor que te ferve o sangue e deixa-me ficar para sempre assim, como é suposto ficar.
Mas não me deixes apaixonar por ti, mesmo que o que precise todos os dias é de ouvir a tua voz, é sentir os teus braços de volta do meu corpo. Há alguma coisa que me chama sempre na tua direcção, mas nunca soube o que era ao certo.
Ajuda-me a saber de onde vim e para onde vou. O que sou para saber no que me hei-de tornar. Ensina-me o que é certo e o que é errado. Mas sê paciente, com todo este amor que desenha em traços largos.
Agarra-me apenas pelo teu olhar de um verde acastanhado, tão cheio de vida, e decifra-me apenas com toda a paixão que te corre no sangue e te cobre, por ti todo, num intocável e permanente sorriso. O mesmo que me acolhe quando me perco na minha zona de conforto. Mesmo assim continua a ser paciente porque irei sempre precisar da tua tranquilidade para me acalmar o latejar do coração e irei, de igual modo, precisar do teu sentido de orientação para nunca me perder nos caminhos que conheço, mas que se transformam quando não estás comigo.
Não importa o que eu digo ou faço, nunca me deixes sozinha nesse caminho que para mim é novo. Ainda tenho medo de pisar esse bocado de terra avermelhada e seguir o trilho que essa madeira traça em pequenos quadradinhos que nos prendem a atenção. Não importa o que eu digo ou faço, mesmo quando te digo para não me deixares apaixonar por ti, porque irei sempre sentir uma liberdade de escolha dentro do meu peito e sei que nessa mesma liberdade irei sentir-te sempre.
Uma porta fecha-se, mas, de seguida, abre-se uma janela e voltam as imagens de um mundo desconhecido que eu conheço como a palma da minha mão, mas sem ti tudo é negro, triste e sem sentido.
Há sempre um toque especial em cada uma das tuas palavras, as mesmas que me prendem ao vermelho dos teus lábios e me libertam de um coração que travou uma luta constante contra a paixão que nasce a largas pegadas, sussurradas pela intensidade do perfume que tu usas mesmo juntinho à orelha, como todos os dias que te conheço e te sei de cor, tão bem quanto me conheço a mim.
Nunca te afastes de mim, ensina-me as cores do vento, os cheiros que cada raio de sol liberta, os rostos de cada fase da lua. Mostra-me com quantas estrelas se cobre o céu. Mostra-me a beleza que se esconde por trás desse teu rosto que eu recordo a cada despedida.
É a única coisa que me falta, mas tenho problemas de expressão, as palavras não são o que me bate com mais força no peito. Mas tento mostrar-te que és o primeiro e o único a parar o tempo que o meu coração conta.
Preciso de ti, hoje e sempre. Mantém-me livre, mas agarra-me com apenas um dedo da tua mão direita, solta os meus cabelos ao vento e depois prende-me num único abraço. Caloroso e interminável.
Deixa-me apaixonar-me por ti! Agora sim, toma em atenção as minhas palavras e, sem mais problemas de expressão. Eu quero e preciso de te ter em todos os meses do meu ano.
Prende-me ao teu peito, não me largues mais.
Eu preciso de ti .
(Os meus olhos são teus, sempre)
