Encarar a tua morte? Como é que naquele tempo ia conseguir encarar a tua morte? Nem agora consigo. A morte é definitiva. E é muito difícil falar de perda e da vida que levo depois de teres partido com uma verdade mundial assustadora como esta. Medíocre e maldosa. Que saudades que eu tenho de ti. Às vezes tenho tanto medo, e sinto medo tantas vezes Diogo.
E não estás aqui, já não estás aqui á tanto tempo. Quem é este Deus? Preciso de um embalo teu, o último, como queiras, como der aí em cima para voltares aqui só mais uma vez. Só mais uma vez porque iria contigo a seguir. Volta, volta e diz que me amas, que sou tudo para ti e que estás e vais estar sempre ao meu lado. Estou a sofrer e odeio quando me sinto assim. Bolas, encarar a morte? Prosseguir? Como? Acho que nunca na vida vou prosseguir deste aterro no meu coração, dói mesmo muito. Eu dava o que tenho e o que não para te sentir outra vez. Eu dava a minha vida se pudesse passar o resto da minha outra com a tua alma. Ajuda-me a esconder, e enrolar-me demais em ti para não te deixar partir outra vez. Nem coragem tive de te ver partir para onde estás agora no dia em que nunca mais iria conseguir ver-te, supostamente por ter medo de ver os traços do teu esboço sem vida, e sou uma merda por isso. Uma merda bem grande. Mas talvez é por isso que ainda acredito que vais voltar para mim. Que um dia vou chegar a minha casa e vais estar tu à mesa pronto com a mousse que tu fazias para nós. Que um dia vou chegar a casa e já vais estar ao portão com os braços abertos para me recarregares de força como só tu fazias. Precisava tanto dessa força e todos os dias me queixo da falta que ele me faz. Queixo-me porque era a minha sobrevivência, a minha maneira de me esconder do mundo cruel que tu me tapavas tão bem. Eu nunca me vou separar de ti, e não consigo viver normal numa vida em que já não me abraças, onde já não te despedes de mim quando vou para a escola e me desejas “bom dia”junto com um beijinho na testa, onde já não resmungas comigo por ser tão mau feitio e não ter tirado a melhor nota no teste de História que tu tanto gostavas de me ensinar. Ainda ando com a tua pulseira no meu pulso. Ainda cheira a ti. O teu cheiro ainda continua tão lindo. Tão perfeito, tão teu. E não Diogo, não consigo encarar a tua morte. Não me castigues mas NÃO CONSIGO. E tenho todo, todo o direito disso. Acho que nunca vou aceitar a maneira como a vida nos foi tirada, sem pedido nem ponderação se realmente aceitaríamos isso.Nunca aceitaríamos, nunca aceitarias esta ausência de presença. Nunca aceitarias a dor que acumula em mim. Mesmo que não houvesse escolha, Deus podia mandar uma mensagem do que vai fazer a uma “menina” que perdeu o melhor na vida dela, que perdeu o rumo desde o dia em que partiste, Deus podia! Ao menos, ao menos tinha tempo de me preparar e ir contigo. Contigo para sempre, e era assim que devia ser.
estás em mim sempre, 11 e 12 de Março de 2007
dava tudo de mim para te ter aqui comigo ..
sinto-te muito perto,sempre a tomar conta de mim.