segunda-feira, 30 de agosto de 2010

quero-te só para mim, hoje, amanhã e todos os dias da minha vida.


E não estou só apaixonada por ti. Estou apaixonada pelo ar que respiras, pela maneira tão encantadora com que me encanto ao ler o teu sorriso, como que ao decifrar o teu olhar, ao descobrir a tua voz por detrás dos barulhos do mundo. És muito melhor do que o que dizes ser, do que os olhos do mundo conseguem captar. Eu estou apaixonada por ti, pelo brilho que deixas sempre no fim das tuas frases, pela maneira como os teus lábios descansam depois de encontrarem os meus, estou apaixonada por ti, mas muito mais que isso. És encantador, não só por teres esses olhos lindos mas porque me fascinas ao reparar que eles brilham muito mais quando olham para mim. E é disto que falo, da paixão com que englobas o mundo, da paixão que mais ninguém vê, só eu. Duma paixão que só se demonstra quando estás despido dos olhos do mundo, quando os holofotes não estão virados para ti, quando és aquilo que ninguém sabe que és e me mostras como se eu fosse um tesouro por abrir. O que eu tenho que te dizer é que eu estou a-p-a-i-x-o-n-a-d-a por ti. Muito, mas também muito mais que isso. Que sei lá, adoro a maneira como a maioria das vezes não queres saber do mundo para nada, como sabes pôr tudo no sítio certo enquanto eu teria feito a maior confusão do mundo. Há, e adoro, adoro, a maneira como agarras em mim, como mergulhas de cabeça naquilo que amas e não sentes medo de cair. És importante, muito importante. E não estou só apaixonada por ti, estou apaixonada por mim também e por o medo que não sinto em te perder. Por o medo que nunca sinto quando és tu quem me agarra nas noites em que nem o vento levaria as minhas tristezas, em que nem as estrelas pegariam nos meus pesadelos. Estou apaixonada, é isto: estar apaixonada. Como nunca estive, como nunca imaginei estar, como quero estar.
“O  fim  deste texto fica para te sussurrar ao ouvido, amanhã.”

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

D.


Há dias em que me dá para pensar nestas coisas. Dias em que vagueio pelas milhentas pastas de fotos que tenho no meu bebecas - leia-se computador - enquanto a minha música ecoa pelo quarto. Dias em que, sentada na minha cama, olho em frente e na minha tela estão as fotografias que mandei imprimir. Só fotografias. A minha vida espalmada naquela tela, só sorrisos, nada de lágrima. Fotografias antigas, algumas com dois anos! Fotografias actuais, as minhas pessoas gravadas ali, o tempo parado ali, a felicidade estampada nos nossos rostos. Até que me levantei e calmamente caminhei até à nossa fotografia, aquela em que estás a dar-me um beijo no rosto e eu a olhar para cima? Estás a ver qual é? Eu sei que estás. Eu sei. Olhei bem para ela e arranquei-a da tela. Fiz o mesmo com todas as fotos em que só eu e tu aparecemos, arranquei-as da tela e guardei no álbum que tenho no armário. Memórias que merecem ser guardadas, o pretérito-perfeito encaixilhado. É perfeito, mas é pretérito, não vale de nada tentar conjugá-lo no presente.
Não consegui deixar de evitar que uma lágrima teimosa caísse enquanto guardava as fotografias e via a minha tela ficar com espaços vazios, de tal maneira que consigo ver o branco da tela. E eu que já não via aquele espaço branco há três anos. Três anos. Anos que passámos felizes. Mais do que o que bastou para deitarmos tudo a perder. Sim, deitarmos. Não vou ser hipócrita e dizer que foste só tu, tu é que deixaste que a nossa amizade caísse no fundo, eu também tenho culpa. Tenho. Admito vergonhosamente, deixei de ir atrás de ti depois de cinco tentativas. Cinco. Tu conheces-me. Tu sabes como sou orgulhosa. Tu conheces o meu orgulho. Conheces agora melhor do que nunca, não é? É ele que me impede de ir ter contigo, feitiozinho este que eu tenho de perdoar e não esquecer. Porém, agora não é nem perdoar, nem esquecer, é nada. Nada.
Voltas sempre ao lugar onde foste feliz, já te apercebeste? Estás tempos e tempos longe, contudo acabas por (tentar) voltar ao lugar onde estou, onde sabes que outrora foste (fomos) feliz como uma criança inconsciente, na esperança que tudo volte para trás ou ao normal. Nem tudo volta atrás, não voltamos a ter tudo o que queremos. A amizade, tal como o amor, é simples. E sabes o que o tempo faz às coisas simples? Devora-as. Junta-lhe distância e as coisas simples são devoradas em segundos.
Talvez noutro dia lhe abra a porta, pensei eu, mas hoje não. Nem amanhã. E muito menos depois de amanhã. Sou mais forte do que aparento e mais fraca do que digo ser, porém, não te abro a porta. Quanto muito, falamos pelo intercomunicador, está bem?
Não fui eu que escolhi, foste tu que decidiste assim. E que posso eu fazer, se não respeitar as decisões de quem já foi a pessoa mais importante da minha vida? E agora fui eu que decidi não te abrir a porta e que podes tu fazer se não respeitar a decisão de quem já foi a pessoa mais importante da tua vida?
Ainda te escrevo.
Vou deixar de fazer um dia.